A 12° edição do Festival do Japão em Minas
Tudo sobre o evento que transporta um pedaço da cultura japonesa para dentro das terras mineiras
Por Gabriel Marques
Entre os dias 21 e 23 de fevereiro, realizou-se no Expominas a 12° edição do Festival do Japão em Minas. O evento, que resulta de uma parceria entre o Consulado Honorário do Japão em Belo Horizonte e da Associação de Cooperação em Cultura e Tecnologia Brasil - Japão, atraiu milhares de visitantes que tiveram a oportunidade de realizar uma viagem às ilhas japonesas sem sair de Minas Gerais.
Com ambientação, música, decoração e comidas típicas do país asiático, o festival contou com apresentações de dança e oficinas interativas onde o público pôde conhecer, na prática, algumas das mais emblemáticas tradições nipônicas. Isso, claro, após enfrentar horas de espera, tamanha a demanda dos visitantes. As oficinas de cerâmica, pintura em cerâmica e instrumentos tradicionais japoneses estiveram entre as mais populares durante os três dias de atividades (Este repórter que vos fala, infelizmente, não conseguiu ir em nenhuma das três, tamanho o tempo de espera).
Destaca-se o comprometimento da equipe do evento. Quando se trata de representar a cultura alheia, sobretudo uma cultura racializada, sempre há, por parte do público representado, o receio de que esta seja reduzida a um conjunto grotesco de estereótipos racistas e, no caso, orientalistas. Felizmente não é o caso. É nítida a presença e o comprometimento da comunidade nikkei na organização, o que enriquece ainda mais o Festival do Japão em Minas. A vasta maioria dos expositores não apenas trabalhava com um interesse particular mas trazia sua própria história familiar, podendo exibir sua herança e sua ancestralidade com primor.
A Cerâmica
Dentre as diversas particularidades da cultura japonesa, por sua importância e significado a cerâmica foi eleita o tema destaque da 12° edição do festival. Ela estava em todo lugar, não somente nos estandes de ateliês mas também em painéis, vitrines, plataformas. A beleza e a importância da cerâmica japonesa só pode ser explicada por aqueles que possuem familiaridade com o barro e a tradição. A artista ceramista Sonia Imanishi conhece ambos muito bem.
Em entrevista à RU3, Imanishi destaca que a cerâmica conta a história da humanidade, desde seus primórdios, mantendo um caráter primitivo que perpassa desde a modelagem do barro até a confecção da peça final. Para ela, a cerâmica “fala muito de resiliência, da transformação do ser humano. Isso é muito importante no Japão. Tem um lado muito zen, que a gente trabalha na sobrevivência do ser humano”.
A artista, que veio para Minas Gerais na década de 1970 para estudar, possui um ateliê em Brumadinho onde confecciona suas peças. Muitas obras emblemáticas da artista estiveram expostas durante os três dias de evento, fazendo jus à beleza dessa tradição milenar.
Entre o passado e o futuro
Se, por um lado, o Festival do Japão traz toda a historicidade e a ancestralidade nipônicas, por outro ele também retrata a face jovem de um país e um povo que buscam sempre se reinventar. O festival conjugou toda essa beleza das tradições com o ar kawaii da cultura jovem e toda a criatividade do universo dos Fandoms. Lojas e estandes de mangás, um estande com uma impressora 3D, produtos de animes populares e muitos, muitos, muitos cosplays podiam ser vistos durante todo o evento e em todos os lugares.
Para Luiza Tannus, estudante, o Festival do Japão em Minas é o melhor das atrações anuais em Belo Horizonte. Com preço acessível e atrações incríveis, ele afirma que essa é a 10° edição do evento ao qual comparece. À caráter, Luiza afirma ter conhecido muita gente no festival que também aprecia moda Lolita, inclusive visitantes de outros estados. “É sim um espaço ótimo para interagir com pessoas de fandoms diferentes, poder encontrar a galera dos mesmos gostos e simplesmente estar emergindo naquele espaço tão característico e único da cultura japonesa pop!” afirmou.
O evento deste ano foi um estrondo. Não é somente um ode à cultura pop e aos programas que tanto marcaram e marcam a vida de milhares de pessoas, mas também honra a memória e a tradição de um povo cuja diáspora luta a cada dia para não ser reduzida ao olhar alheio, para não ser simplesmente “o outro”. Vida longa ao festival!
Editoria: Maria Eduarda Collares
Revisão: Gabriel Martins
Arte da Capa: Carolina Cerqueira